segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Bonequinhas de Lixo

Semana passada, uma amiga, muito querida aqui do trabalho, me emprestou uma dessas revistas femininas. Na verdade, as vezes que eu vejo estas revistas ou é em salão de beleza ou em consultório médico ou porque alguém me empresta.
Mas enfim, voltando ao assunto, estava folheando a revista lá em casa, quando entro naquela sessão moda. Com mulheres lindíssimas, magérrimas, fotografia perfeita e roupas puro glamour! Até aí tudo bem, tudo sob controle. Até que começo a ver (naquelas descrições bem pequenininhas na lateral) a origem das roupas usadas no editorial e (aí que vem a indignação) os preços!
Gente, na boa, pra quem eles escrevem a revista? Qual o público-alvo dessa galera? Será que é aquele 0,000001% da população feminina que fica tomando cafezinho à tarde na Daslu?
Fala sério! Fiquei ultra indignada quando vi uma relis blusinha custando R$ 2.000! Um shortinho R$ 3.500! Um vestido (realmente lindo) por uma bagatela de quase R$ 12.000! Um vestido custando o preço de um carro usado! Tudo bem que é usado, mas não deixa de ser um carro, num é?!
Daí que fiquei pensando com meus botões: moramos num país no qual a maioria das pessoas não ganham nem sequer R$ 1.000 por mês. E quando eu digo maioria, é maioria mesmo! Não vou aqui me ater em estatísticas precisas, mas pelos meus conhecimentos gerais, sei que menos de 5% da população ganham acima de R$ 5.000. Pois bem, contando que estas pessoas que ganham um pouco mais que a média, tenham que pagar aluguel, fazer supermercado, pagar mensalidade de escola pros filhos e mais vários outros compromissos financeiros que todos nós temos, me pergunto: quem são estes brasileiros que tem coragem de pagar R$ 15.000 por qualquer peça de roupa, sapato ou bolsa?
Eu sei que a revista mais do que querer vender roupas, elas querem vender o status, o glamour, o mundo da fantasia onde todos são lindos, chiquérrimos, magérrimos, elegantérrimos e podres de rico!
Mas o que fiquei mais triste é que se tem mercado para estas futilidades tão caras é porque tem gente que compra. E aí é que me vem a revolta quando me lembro que o Brasil é um dos países com maior desigualdade e concentração de renda do mundo. Infelizmente, existe sim pessoas que passam as tardes nestas Daslus da vida, tomando champagne e gastando foturnas com isto (quer dizer, fortunas pra gente, rélis mortais).


Será que sou chata demais?
Bjos

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